Fisisoterapia
FUNCIONALIDADE OU UTOPIA?
MARIA CECÍLIA DE SOUZA MINAYO*
RESUMO: Este artigo levanta uma discussão teórica sobre várias visões a respeito de Interdisciplinaridade. Analisa-se a visão humanitária defendida por
GUSDORF, que critica o esfacelamento do saber parcelizado, buscando a raiz de um conhecimento integrado e unitário na Grécia antiga. Aborda também o pensamento crítico de CARNEIRO LEÃO e outros autores que refletem sobre a funcionalidade da interdisciplinaridade na ciência e tecnologia modernas. E termina com a teoria da ação comunicativa de HABERMAS que propõe a articulação entre a filosofia, a ciência e o mundo da vida como uma nova forma de relação dialética entre o sujeito e objeto na construção do conhecimento.
Trata-se de um artigo que mais propõe questões que soluções, dando pistas para a abordagem de situações concretas para a área da saúde onde não só é crucial a integração de disciplinas como a multiprofissionalidade.
INTRODUÇÃO
Este artigo trata da questão da interdisciplinaridade, um tema que, como se verá no decorrer da leitura é uma constante epistemológica. Nossas indagações contemporâneas são a reafirmação da utopia de uma integridade perseguida historicamente pela ciência. A preocupação dos grandes sábios tem sido a de que
Professora adjunta da Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, nas cadeiras de Metodologia da
Pesquisa Social em Saúde e Metodologia da Investigação Cientifica.
a dispersão de conhecimento, se corresponde à divisão de trabalho intelectual, não deveria resultar em contradições entre os pesquisadores e o resultado de seus trabalhos. No entanto, o termo interdisciplinaridade é confuso e utilizado para se remeter a realidades e propósitos os mais diversos. GUSDORF comenta que, nas reformas universitárias, todos se colocam defendendo o caráter interdisciplinar das instituições de ensino. Para muitos, porém, isso significa apenas juntar várias faculdades no mesmo