fisica
A BUSCA DO ELO PERDIDO
A Dinâmica da Inflação, de Antonio Kandir. Nobel, 1989, 144 pp.
Paulo Renato Souza
Ao ser solicitado pelo Editor de Novos Estudos CEBRAP para escrever esta resenha, coloquei-me ante um dilema: ler outras resenhas e críticas ao trabalho de Kandir e eventualmente até discutir com seus examinadores de doutoramento para poder oferecer uma visão realmente abrangente das críticas já realizadas; ou simplesmente reler o livro umas quantas vezes para colocar minha visão pessoal dessa importante contribuição à compreensão dos problemas da inflação em economias como a brasileira. Optei pela segunda alternativa. Não creia o leitor que meu trabalho foi simplificado. Talvez ao contrário, pois o risco de dizer coisas não muito interessantes ou repetir argumentos já batidos aumenta exponencialmente, na medida em que nos afastamos da cômoda posição de resumir argumentos e contra-argumentos. Para fazer esta resenha, portanto, não me beneficiei de nenhuma crítica que tenha lido (não li nenhuma, na verdade) ou de alguma discussão que tenha travado. Na verdade e infelizmente, nem sequer tive a oportunidade de assistir à defesa de tese do autor. O que vai aqui dito corresponde pois às impressões, sensações e reflexões de alguém que toma o livro de
Kandir em si mesmo, procurando luzes e inspiração para entender o problema da inflação brasileira. Quanto estudei economia, nos anos 60, fui ensinado que as análises explicativas da inflação nos países em desenvolvimento, em especial da
América Latina, afiliavam-se a duas matrizes teóricas básicas: o monetarismo e o estruturalismo.
Naquele tempo o keynesianismo era ainda mui-
to mal digerido entre nós para transformar-se em instrumento de análise da realidade. Simonsen
(Mário Henrique) já personificava os monetaristas, enquanto os estruturalistas tinham nos cepalinos Oyarzúm, Anibal Pinto, Sunkel, ao lado de
Ignácio Rangel, os seus formuladores teóricos mais expressivos.