fisica

Estruturas ideológicas nas “vozes marginalizadas” das culturas urbanas periféricas As discussões sobre os arcabouços ideológicos operando como sustentáculos da sociedade perpassam toda a linha de pensamento marxista. No cerne das discussões sobre a estrutura da sociedade, Karl Marx, tendo como base a estrutura econômica ou infra-estrutura, propôs a tese de que a partir dela ergue-se uma superestrutura composta de elementos como direito e o Estado. Mas como se daria a relação entre os níveis deste edifício? As superestruturas refletiriam mecanicamente os acontecimentos das bases econômicas (infra-estrutura)? É com estas indagações que se tem aquilo que serviu de norte para o pensamento de Mikhail Bakhtin e seu Círculo acerca da teoria marxista.
O filósofo russo identifica no domínio da linguagem a ausência de uma análise marxista, e no campo do marxismo, a falta de um estudo mais detalhado dos problemas ideológicos que não situe a ideologia na consciência. Segundo ele, a língua seria “a realidade material específica da criação ideológica” (BAKTHIN, 1997, p.25). Assim, para tentar esclarecer algumas dúvidas acerca das relações entre as estruturas da sociedade, propõe um estudo apurado do material verbal (BAKTHIN, 1997, p.42), avançando, deste modo, em uma questão pouca explorada ou contestada em teorizações anteriores. Bakhtin assevera que as mudanças na infra-estrutura se expressam nas ideologias ou esferas ideológicas e, consequentemente, na língua “ideologicamente saturada” (BAKHTIN, 1997, p.81). Pensando nas relações entre as estruturas através da noção de signo ideológico, para o autor, “sem signos não existe ideologia”. (BAKHTIN,
1997, p.31). Pela interação social, eles se mantêm vivos, trazendo concepções de mundo diferentes e jogos de interesses antagônicos. Na mesma direção, o autor considera que ao mesmo tempo em que existe uma ideologia oficial “relativamente estável”
(MIOTELLO, 2007, p. 168), empenhada em