fisica
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CINQÜENTA ANOS DE ENSINO DE FÍSICA: MUITOS
EQUÍVOCOS, ALGUNS ACERTOS E A NECESSIDADE DO
RESGATE DO PAPEL DO PROFESSOR
Alberto Gaspar [gaspar@feg.unesp.br]
Departamento de Física e Química - Faculdade de Engenharia
UNESP – Universidade Estadual Paulista – Campus Guaratinguetá
Caixa Postal 205 - CEP 12516-410
Guaratinguetá, São Paulo, Brasil
Resumo
Faz-se uma reflexão sobre o reiterado insucesso das propostas educacionais para o ensino de física apresentadas nos últimos cinqüenta anos. Tem-se por hipótese que orienta esta reflexão o deslocamento do professor do centro do processo educacional como causa principal desse insucesso. Atribui-se às bases teóricas dessas propostas − o empirismo intuitivo dos projetos curriculares, o behaviorismo, essência da instrução programada, e o cognitivismo piagetiano, fundamento da maioria das propostas construtivistas − a causa dessa quase completa alienação do professor de seu papel no processo de ensino e aprendizagem das ciências.
Tendo por base a Teoria Sócio-histórica de Vigotski, conclui-se pela necessidade de rever essa postura e recolocar o professor no centro do processo educacional sob pena de negar a própria natureza humana desse processo.
Introdução
O ensino de física é certamente uma atividade tão antiga como a própria física, mas o
Ensino de Física, grafado assim, com iniciais maiúsculas, é uma área de pesquisa em educação relativamente recente. Talvez pudéssemos situar seu início em meado do século
XIX quando surgiram os primeiros livros didáticos de física (MATTOS & GASPAR, 2002), mas não se pode afirmar que esses textos tinham tido alguma fundamentação teóricopedagógica consciente, o que a rigor só ocorreria um século depois. Estamos completando, portanto, meio século na busca de uma forma eficiente de transpor para a sala de aula o conhecimento construído pela física. É pouco tempo, sem dúvida, e apesar