Final 1
Inserido no âmbito do inovador projecto “Narrativa & Medicina: (con)textos e práticas interdisciplinares”, o colóquio internacional Narrativa e Medicina integrou uma linha temática dedicada às humanidades, medicina e comunicação. A iniciativa, que visa fomentar o encontro clínico, melhorar as relações interpessoais e terapêuticas com o domínio de instrumentos comunicativos e narrativos, propôs-se a prestar uma homenagem pública ao médico e pioneiro da Medicina Narrativa em Portugal, João Lobo Antunes, consultor do projecto desde o começo.
Num contexto em que a evolução tecnocientífica tem vindo a orientar para uma medicina reflexiva, obrigando a uma reorganização humanística, que promove uma ética relacional, João Lobo Antunes, na condição simultânea de médico e humano, privilegia uma comunicação essencialmente horizontal: "Falar para o outro como se estivesse a falar simplesmente e só para mim.”. Ao longo de um discurso requintado por um característico humor, frisou várias vezes a importância da humanidade e da simpatia.
Jorge Soares, responsável pelo serviço de saúde e desenvolvimento humano da Fundação Calouste Gulbenkien, recordou o percurso do neurocirurgião: "Ganhou distinção ao "operar a memória", seguiu o rigor da melhor medicina norte americana, que transportou para Portugal transformando hábitos e mentalidades com um empenhamento e generosidade quase patrióticos. Trouxe uns ferros cirúrgicos únicos que o seu mestre e mentor no hospital da columbian university lhe entregou em despedida, um gesto de afeição profissional mas sobretudo de apreço moral de que só é merecedor um discípulo de quem um futuro promissor se espera.". O hematologista Manuel Silvério Marques destaca algumas qualidades do professor Lobo Antunes: "É intuitivo, perspicaz e conhecedor da alma humana."
Na plateia esteve a Dra. Maria Cavaco Silva, amiga de longa data de João Lobo Antunes.
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