filosofia
Cabe, portanto, a cada classe ou parte distinta da alma cumprir suas próprias tarefas, ou seja, suas próprias virtudes. Somente quando cada função é cumprida por seus responsáveis pode-se tornar o individuo e a sociedade justos, sendo a razão tida como o princípio da organização, partir de onde o individuo governa sua vida particular e os governantes, a cidade. A cidade, portanto, na concepção platônica, é boa e virtuosa quando o cidadão faz aquilo que lhe cabe enquanto virtude, segundo sua classe social, “sem intrometer-se em outras atividades”, o que possibilita a “imagem da justiça”. E é a partir dessa virtude que se manifesta a justiça, pois, caso o cidadão não realize sua própria virtude, estará cometendo injustiça. (PLATÃO, Livro IV, p. 145).
Uma cidade boa é aquela que a mostra com seus atributos ser sábia, corajosa, moderada e justa, sendo a justiça e a temperança atributos dos componentes da própria cidade, porque a temperança que “faz os cidadãos cantarem a uma só voz”, e a justiça “porque ela espalha largamente o exercício habitual da cidadania e envolve a cidade em seu conjunto” (DESCLOS, 2001/2, p. 18 e 19).
Nesse contexto, o malvado é aquela “pessoa que não possui sabedoria, isto é, que não exerce a parte racional da sua alma, e assim desconhece totalmente o bem ou o confunde a