FILOSOFIA
Para Descartes a vida impele a filosofia a agir antes de estar de posse de uma moral, por isso adota provisoriamente algumas regras práticas, menos por serem verdadeiras do que pelo fato de sua observação lhe proporcionar mais possibilidades de viver feliz, enquanto espera conhecer melhores.
A primeira era obedecer às leis e aos costumes do seu país, conservando a religião da infância e seguindo, em tudo, a opinião mais moderada dos homens sensatos, com quem tinha de viver.
A segunda, ser o mais firme e o mais resoluto possível nas ações e seguir com igual constância as opiniões mais duvidosas, uma vez que as escolhesse como tivessem sido muito garantidas.
A terceira, procurar sempre vencer-se, mais do que vencer a fortuna, e mudar os seus desejos, mais do que a ordem do mundo.
Por último, tendo examinado todas as ocupações a que os homens se dedicavam, Descartes concluiu que não existia nenhuma que fosse mais importante do que filosofar, e a isso resolveu consagrar-se, cultivando a razão e avançando o mais que pudesse no conhecimento da verdade, seguindo o seu método.
As morais provisórias são, portanto “provisórias”, não porque estejam à espera da constituição do método, visto que este já existe, mas porque é necessário esperar pela aplicação do método, donde sairão as ciências que servirão de fundamento à moral definitiva. Podemos então dizer que a moral provisória resulta de uma aplicação da inteligência ao problema da conduta, tal como ele se apresenta antes da constituição da ciência.