filosofia
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Análise do título:
Liberdade"
Fala da independência de um indivíduo e da autonomia.
O título remete para a Liberdade e é um título surpreendente porque o poema é escrito em tempo de ditadura (1935).
Gramática:
Existe uma irregularidade métrica e estrófica, da linguagem simples e sugestiva, da ironia...
Essa irregularidade é uma características dos textos da época contemporânea (depois do romantismo a obrigatoriedade de regularidade formal é abandonada e trocada pela livre expressão dos sentimentos).
Ai que prazer a
Não cumprir um dever, a
Ter um livro para ler a
E não o fazer! a
Ler é maçada, b
Estudar é nada. b
O sol doira c
Sem literatura. c
O rio corre, bem ou mal, d
Sem edição original. d
E a brisa, essa, e
De tão naturalmente matinal, d
Como tem tempo não tem pressa... e
fIguras de estilo: enumeração "flores, música, o luar e o sol" sim
-personificação “a brisa (...) como tem tempo, não tem pressa“
-ironia "esperar por D.Sebastião quer venha ou não"
Características:
Estilísticas;
-versos geralmente curtos
-uso de elementos formais e tradicionais
-alterações
Temáticas;
-identidade perdida