Filosofia
Profª Claudete de Sousa Nogueira
Bronislaw Malinowski, na introdução de seu clássico estudo Os argonautas do Pacífico ocidental (1922), marcou a história da antropologia ao propor uma nova forma de pesquisa etnográfica, envolvendo detalhada e atenta observação participante.
Para descrever, compreender e conceituar todo o universo cultural humano, os pesquisadores desenvolveram o que chamamos “pesquisa de campo”. Basicamente, o pesquisador permanece durante um longo período de tempo convivendo com a cultura que deseja conhecer, abandonando sua mera condição de “observador alheio”. O antropólogo é aquele que participa, aprende a língua, mergulhando profundamente na visão de mundo e no cotidiano do “outro”.Isso possibilita uma mudança na forma de interpretar o mundo por parte do pesquisador, pois ele deixa de ver o mundo com suaslentes anteriores e passa a ver o mundo por meio da perspectiva do outro. Ele busca se colocar no lugar do outro. Ao menos era essa a intenção.
Após esse período de permanência em um universo completamente estranho, o pesquisador se retira e coloca em avaliação tudo o que conseguiu registrar daquela cultura por meio de anotações, fotos, filmes, entrevistas, memórias, que, normalmente, concentram-se no que se chama de “caderno de campo”. De volta ao seu mundo, e não mais influenciado pelo objeto de estudo, porém, capaz de refletir sobre ele, o pesquisador apresenta ao leitor uma nova forma de interpretar essa cultura, baseada nos princípios científicos de objetividade e experimentação.
Esse tipo de pesquisa é que apontou as falhas que davam margem à legitimação do etnocentrismo e foi capaz de dar condições de teorizar e conceitualizar o relativismo cultural como ferramenta conceitual de análise, apresentando ao mundo uma nova forma de nos relacionarmos com a diferença. Saindo do campo frio das estatísticas e mergulhando em análises mais profundas acerca do comportamento do outro, passamos a ter uma