filosofia
Todo esse processo eugênico tem por fim a realização do Estado Ideal, governado por filósofos e guardiões que jamais deverão se distrair de suas principais ocupações. Obstinado em tal propósito, Sócrates chega a excluir qualquer valor ao amor materno ou paterno, antepondo sempre os objetivos do Estado (460-461). Admite-se o aborto e o infanticídio quando ocorrerem concepções fora do estabelecido pelo Estado (461c)
Livro VI - inicia com a distinção entre “quem é que é filósofo e quem não o é” (484 a): Filósofos, responde Sócrates, são aqueles que são capazes de atingir aquilo que se mantém sempre do mesmo modo, os que não o são se perdem no que é múltiplo e variável (484b). Como as leis e os costumes do Estado devem refletir o eterno, somente os filósofos, capazes de conceber as idéias eternas, devem ser estabelecidos guardiões por serem capazes de guardá-las.
A alma filosófica ao “contemplar a totalidade do tempo e do ser” (486a), colocará a própria vida e a morte em segundo plano e se “apaixonará pelo saber que possa revelar-lhe algo daquela essência que existe sempre, e que não se desvirtua por ação da geração e da corrupção” (485b).
À crítica da inutilidade do filósofo na cidade, Sócrates responde que este é analogamente o médico diante dos doentes e o piloto diante dos marujos.