Filosofia
Constatamos que as maneiras diferenciadas do pensar e de expor, próprias dos escritores do Antigo Testamento e dos gregos helenísticos, trazem para nós uma luz sobre esta forma dicotômica de ver o mundo - corpo e alma, ou seja, marca a influência que o pensamento helênico traz para a leitura bíblica "espiritualizante". Reportando nos às obras de Johannes Hessen "Griechische oder biblische Theologie" (Munchen 1962) e de Thorleif Boman "Das hebreische Denken im Vergleich mit dem griechischen" (Gottingen 1965), percebemos que o tipo de estrutura mental grega concentra mais forte interesse na essentia (So sein), ao passo que a mentalidade hebraica se acha mais voltada para a existentia (Da sein). Alfred Lapple propõe uma relação comparativa entre as características tópicas da mentalidade: GREGA HEBRAICA essencial existencial racional simbólica intelectualista voluntarista abstrata concreta substancialista personalista cósmica histórica causal final e teleológica descritiva funcional estética dinâmica Ele afirma que os escritores vetero testamentário pensavam, falavam e escreviam inseridos numa estrutura cultural bem diversa, tanto da dos gregos quanto da do homem e da mulher do século XX. Portanto, esta notória diferença de estrutura baseia se em três aspectos principais: a) concepção diversa da existência; b) cosmovisão diferente; e, c) diversa vivencia da história. Certamente, nos últimos séculos, antes das mudanças operadas no tempo, o cristianismo teve muitos contatos com o mundo cultural do helenismo. Podemos assim descobrir, sobretudo nos escritos mais recentes do AT, certo encontro e certa superposição de estratos culturais hebraicos e gregos. Desenvolveu se então uma certa forma de cultura mista que "não é hebraica nem grega, mas, sim, helenística" (Thorleif Boman). Temos que levar em consideração que os escritores vetero testamentários não tiveram os