Filosofia
Platão (428-347 a.C.) reflete o mundo das idéias do qual a alma se originou e se encarcerou num corpo que é o mundo real, apresentando o corpo como uma dimensão inferior, limitado, contraposto à alma (perfeita, eterna e imutável), lançando os pressupostos para a teologia cristã. Assim sendo, as atividades relacionadas ao intelecto eram consideradas nobres, reservadas à aristocracia, fomentando o chamado "ócio prestigioso" e, relegando às classes inferiores, os trabalhos braçais.
Já Aristóteles (384-322 a.C.) afirma que a alma tem a forma do corpo (hilemorfismo)4, e influencia o empirismo ao admitir que o corpo ("physis") interage perfeitamente com este mundo a partir de suas percepções sensoriais: os sentidos, a intuição e a consciência ("psiquê")5. Ambos influenciarão a visão de mundo e concepção de "Homem Moderno" ainda que o mesmo seja moldado no modismo cibernético.
Como testemunho cristão do pensamento platônico temos a contribuição de Santo Agostinho (354-430 d.C.), bispo de Hipona, que representará a teologia sobre o pecado original (o corpo como instrumento pecaminoso, caminho do mal): desenvolveu-se a noção de culpabilidade, angústia, alicerçando a vida monacal:
"Eu não existiria, meu Deus, de modo algum existiria, se vós não estivésseis em mim; ou melhor, eu não existiria se não estivesse em vós, de quem, por quem e em quem todas as coisas têm o ser." (SANTO AGOSTINHO apud DUMONT)
O advento da mentalidade Renascentista inaugurará conflituosas percepções do corpo humano, uma vez que durante a Idade Média se firmaram os pilares morais, religiosos e filosóficos da concepção humana. O mundo medieval foi direcionado pela teologia católica para a qual o sexo era pecado venial, tendo como finalidade a procriação dentro de um contexto matrimonial. Estimulava-se "ascese" (ginástica espiritual):