Filosofia

A Sociologia do ‘‘Big Brother Brasil’’

O primeiro reality show foi transmitido em 1973, nos Estados Unidos. O mesmo é um tipo de programa televisivo baseado na vida real, ele retrata acontecimentos da realidade, cujos participantes são pessoas reais e não personagens de um enredo fictício. Este modelo de programa foi aceito com muito sucesso, sendo implantado também no Brasil. Dentre os reality shows brasileiros já existentes, o de maior repercussão foi o "Big Brother Brasil" (BBB), exibido pela primeira vez em 2000, durando até os dias atuais, já estando em sua décima quarta edição. Os participantes "Big Brother Brasil" são vigiados intermitentemente por um grande olhar onisciente, que não deixa escapar nenhum detalhe de suas ações, ou seja, o termo "privacidade" sequer existe nesse sistema, pois todas as informações são consideradas de domínio público. Michel Foucault, um importante filósofo francês, já dizia sobre os diferentes tipos de controles sociais e vigilância, sendo um deles o Panóptico, cuja definição é, instrumento direcionado para o controle das ações individuais. A prática de controle social por meio da observação contínua dos indivíduos, nada mais é do que o sistema Panóptico implantado dentro da casa dos participantes do BBB. Tendo em vista estudos feitos por outros autores, é possível também associar os pensamentos de Simmel ao programa, uma vez que o sociólogo buscava compreender como as formas sociais se mantém, da mesma forma que também buscava interpretar as interações sociais. A partir da reunião de diferentes pessoas por cerca de três meses em uma mesma casa, sem ter contato com pessoas de fora, sem possuir televisão, livros e horas, sendo obrigados a manter relação apesar com os participantes do reality, são gerados, conseqüentemente, muitos conflitos, uma vez que a convivência por muito tempo e durante vinte e quatro horas com as mesmas pessoas, possuindo elas personalidades distintas, acarreta em muitas discórdias.