Filosofia
Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode gritar ao outro: "Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu", e alguém, querendo acalmar a luta, pode expressar: "Vamos ser objetivos, cada um diga o que viu e vamos nos entender".
Também é universal ouvirmos os pais e amigos dizerem que somos muito subjetivos quando o material é o namorado ou a namorada. Freqüentemente, quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, porquê ela age, dizemos que essa pessoa "é lícito".
Vejamos um pouco mais de perto o que dizemos em nosso cotidiano.
Quando pergunto "que horas são?" ou "que dia é hoje?", minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é dissemelhante de agora e o que virá também há de ser dissemelhante deste momento, que o pretérito pode ser lembrado ou esquecido, e o porvir, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças não questionadas por nós.
Quando digo "ele está sonhando", referindo-me a alguém que diz ou pensa alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho também muitas crenças silenciosas: acredito que sonhar é dissemelhante de estar acordado, que, no sonho, o impossível e o improvável