Filosofia política de maquiável
Texto baseado na obra de Marilena Chauí
Embora não sejam idênticas, é bem verdade que grande parte das obras políticas renascentistas e medievais operam em um mundo cristão. Resumidamente, isso significa que em todas elas a relação entre política e religião é um dado que não pode escapar. Se o pensamento medieval é puramente teocrático, os renascentistas, por sua vez, tentam evitar a idéia de que o poder seria uma graça divina ou coisa parecida, mas embora recusem a teocracia, tendem a considerar que um governo só é legítimo se for justo, e só será justo se estiver de acordo com a vontade divina. Dessa forma, elementos divinos continuam presentes em sua formulação. Colocadas estas noções, segundo Chauí (2000), se reuníssimos as principais características das filosofias políticas medievais e renascentistas, poderíamos dizer que ambas tem em comum o fato de que: a. encontram um fundamento para a política anterior e exterior à própria política; b. afirmam que a política é instituição de uma comunidade una e indivisa, cuja finalidade é realizar o bem comum ou justiça; c. assentam a boa comunidade e a boa política na figura do bom governo, isto é, no príncipe virtuoso e racional; d. classificam e identificando os regimes os políticos o em justos-legítimos obtido por e injustose
ilegítimos, colocando a monarquia e a aristocracia hereditárias entre os primeiros com segundos poder conquista usurpação, denominando-o tirânico.
Exatamente rompendo com este tipo de pensamento que surge a filosofia política de Maquiavel, cujos resultados foram demolidores e revolucionários. Se analisarmos a obra de Maquiavel e compararmos com os quatro pontos acima levantados, este pensador vem de encontro com cada um deles: a. para Maquiavel toda Cidade é constituída de dois desejos opostos, o dos grandes de oprimir e comandar e o do povo de não ser oprimido e nem comandado. Sendo assim, a Cidade se consituí na medida em que se faz necessário