Filosofia Geral e Jurídica
Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma (re) conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua
Paideia (educação).
O que era tido antes como pré-científico, primitivo, assistemático, ganha especial papel na formação das culturas. As noções de civilização, progresso e desenvolvimento vão sendo substituídas lentamente pela diversidade cultural, já que aquelas não mais se justificam. Os textos de Platão, analisados não somente pela ótica conceitual, mas também dramática, nos proporciona compreender que certo uso do mito é necessário onde o logos (discurso, razão, palavra) não consegue atingir ainda seu objeto, ou seja, aquilo que era apenas fantasioso, imaginário, ganha destaque por seu valor prático na formação do homem.
Dito de outro modo, embora o homem deseje conhecer a fundo o mundo em que vive, ele sempre dependerá do aperfeiçoamento de métodos e técnicas de interpretação. A ciência é realmente um saber, mas que também é histórico e sua validade prática depende de como foi construído argumentativamente.
Portanto, Mito, Filosofia e Ciência possuem entre si não uma relação de exclusão ou gradação, mas sim de intercomplementaridade, haja vista que um sempre sucede ao outro de forma cíclica no decorrer do tempo. Rito e Mito
Segundo Cassirer, em O Mito do Estado, embora exista uma diversidade de manifestações míticas entre os mais diferentes povos e culturas, devemos procurar pelo seu elemento comum, aquele que permite uma
‘unidade na diversidade’.
Esse elemento comum, essa unidade em meio à diversidade que Cassirer aponta, no caso do pensamento mítico, é “uma unidade de sentimento”, que se fundamenta na “conscientização da universalidade e fundamental identidade da vida” (1946, p.53). A essência do mito não é regida