Filosofia escolástica
GENERALIDADES
a) Conceito da Esco1ástica
Por Escolástica, em sentido restrito, entende-se a especulação filosófico-teológica que se desenvolveu nas escolas da Idade Média propriamente dita, i. é, de Carlos Magno até a Renascença, tal como essa especulação se apresenta, antes de tudo, na literatura de Summae e de Quaestiones. Essas escolas foram a princípio as catedrais e as monacais e, mais tarde, as Universidades. Num sentido algo mais largo, designa a escolástica também o pensamento dessa época que, embora sem empregar um método rigorosamente escolar, racional-conceptual, repousa porém nas mesmas bases metafísicas e religiosas, como p. e., a mística. E também se pode incluir nessa denominação a filosofia arábico-judaica, na medida em que, durante esse período, entra em contado com a escolástica propriamente dita.
b) Método escolástico
α) Ensino. — O ensino, nas escolas medievais, se calca em duas bases fundamentais — a lectio e a disputatio. . Na lectio, correspondente ao que os alemães chamam hoje Vorlesung (lição), só o mestre é que tem a palavra. Ela se atem, de ordinário, a uma obra sobre as Sentenças com o fim de comentar as "opiniões" (sententiae) de autores conhecidos. Para a teologia se tomavam geralmente as Sentenças de Pedro Lombardo; na filosofia, as obras de Boécio e Aristóteles. A disputatio era uma livre discussão entre o mestre e o discípulo, na qual se aduziam e discutiam argumentos favoráveis e contrários a uma tese. β) Formas literárias. — Dessas formas didáticas resultaram naturalmente as correspondentes formas literárias escolásticas. Da lectio procederam os comentários, que aparecem inúmeros na Idade Média. αα) Comentários. — Assim os comentários ao Lombardo, a BoÉcio, ao Pseudodionísio e particularmente a Aristóteles. ββ) Sumas. — Dos comentários, por sua. vez, nasceram as Summas, nas quais o autor se libertava mais e mais das andadeiras do livro de texto, colocando-se num ponto de vista