Filosofia da Ciência
Millenium
A Filosofia da Ciência e a Sua Extensão à Engenharia
E. R. DE ARANTES E OLIVEIRA
Instituto Superior Técnico - Lisboa
1. Introdução
A Escola de Viena da Filosofia da Ciência, que se desenvolveu nas primeiras décadas do século XX, tinha uma visão ambiciosa da Ciência. Acreditava, nomeadamente, que seria possível formular normas gerais para o processo científico, analisar a estrutura lógica dos conhecimentos científicos, e mostrar que a Ciência serve o objectivo racional de adquirir um conhecimento global e fiável do Universo.
Os filósofos da Escola de Viena, que representaram em grande parte a corrente neo-positivista da Filosofia da Ciência, defendiam o chamado verificacionismo, segundo o qual as proposições das ciências empíricas só têm sentido se forem verificáveis por observações de carácter experimental. De acordo com os neo-positivistas, as construções teóricas susceptíveis de tornar possível explicar e prever, só seriam válidas se fossem apoiadas num procedimento hipotético-dedutivo resultante de uma combinação de indução e dedução.
O chamado Manifesto da Escola de Viena (1929) apresentou uma visão da
Ciência segundo a qual esta, “vista através das lentes da análise lógica (que se servia da logística) e modelada pela Física, poderia constituir uma base para a unidade do conhecimento”. Segundo os seus signatários, uma tal visão utópica da Ciência levaria a uma concepção
do
Mundo
totalmente
livre
de
preconceitos,
e
aberta
à
inter-subjectividade, conceito que, na sua óptica, substituiria o da objectividade, que lhes parecia carregado de metafísica.
A concepção neo-positivista da Ciência, inspirada pela Física, negligenciava as outras ciências, nomeadamente as ciências sociais. Também o universo da Engenharia, parte integrante de uma realidade que as ciências em geral, e não exclusivamente a
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Lógica, a Matemática e a Física, são chamadas a teorizar, ultrapassava o