Filosofia Antiga O problema social – sua organização, seus mecanismos – e, com ele, o problema político[1], tem ocupado os filósofos em todos os tempos. No próprio contexto de surgimento e nascimento da filosofia na Grécia antiga é possível perceber o quanto o discurso político, ao valorizar o pensamento racional, contribuiu para a emergência do discurso filosófico. É também na Grécia antiga que vamos encontrar os primeiros mestres do desenvolvimento do pensamento político, sobretudo no período histórico conhecido como período clássico. A história da humanidade – parafraseando o filósofo alemão Karl Marx – é basicamente a história das idéias e da luta pelo poder, das lutas travadas por indivíduos, grupos ou nações para conquistar, manter ou ampliar o poder político. Essas lutas podem ser violentas, na forma de assassínio de dirigentes, guerras, revoluções[2] e golpes de estado[3], ou pacíficas, por meio de eleições e plebiscitos[4]. Mas além de lutar pelo poder e de criar instituições para exercê-lo, o homem também examina sua origem, natureza e significado. Dessas reflexões resultaram diferentes doutrinas e teorias sociais e políticas. Na Antiguidade são escassas as referências a doutrinas políticas dos grandes impérios do Oriente. Admitiam como única forma de governo a monarquia absoluta e sua concepção de liberdade era diferente da visão grega, que a civilização ocidental incorporou – mesmo quando submetidos ao despotismo de um chefe absoluto, seus povos consideravam-se livres se o soberano fosse de sua raça e religião. Já no Ocidente as cidades da Grécia não se uniram sob um poder imperial centralizador e conservaram sua autonomia. Suas leis emanavam da vontade dos cidadãos e seu principal órgão de governo era a assembléia de todos os cidadãos, responsáveis pela defesa das leis fundamentais e da ordem pública. É na Grécia Antiga que vamos encontrar aqueles que são considerados como os dois primeiros grandes mestres do pensamento