filme a verdade sobre a crise
Islândia, apresentado como paradigma dos vícios de um sistema económico predador. O governo da Islândia começou a desregular o sistema económico em 2000, com terríveis consequências ambientais e sociais. O exemplo islandês prova como um país que constava entre os mais ricos do mundo entrou em bancarrota quando dirigentes políticos inverteram, sem necessidade, para a via do neoliberalismo. A seguir, o filme regressa ao mês de Setembro de 2008, mês da falência da Lehman Brothers, banco de investimento norte-americano, e da AIG, a maior seguradora à escala mundial. Ferguson analisa a partir daqui as razões da queda da economia a nível global, uma crise que, de acordo com o realizador, não foi um acidente, mas a consequência de uma indústria que proliferou fora de qualquer controlo.
Crítica
Apesar de se centrar no mesmo tema, o estilo deste documentário difere de outro que lhe é contemporâneo, Capitalismo, uma história de amor de Michael Moore (ver crítica em Filmes Falados 3). Com Ferguson, não temos a encenação de si próprio por parte do realizador nem a dramatização da ação, com a exceção de uma música off que realça o lado dramático de certas sequências. Sucedem-se as entrevistas a diversas testemunhas, atores principais ou secundários da crise, numa mise en scène mais sóbria, o que, por vezes, pode tornar o filme de Ferguson mais árduo para o espetador do que o de Moore. Na sequência de abertura, Ferguson consegue apontar para o cerne da crise: os três bancos islandeses que, após a privatização, chegaram a pedir, no mercado internacional, empréstimos por um valor dez vezes superior ao peso da própria economia islandesa. Como diz o narrador, a Islândia fornece um bom exemplo da especulação neoliberal fora de controlo. Homens de negócios islandeses pediram empréstimos bilionários sem que os bancos se preocupassem com a sua