Ensaio Teoria de imagem
O filme “A Partida”, de Yojiro Takita, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2009, nos leva refletir, de modo lírico, sobre a tragica dialética entre Tradição e Modernidade sob as condições da crise estrutural do capital. O interessante é que o diretor Takita discute o tema da Tradição ameaçada e dissolvida pela modernidade do capital através de uma reflexão intensamente lirica - e as vezes bem-humorada - sobre o sentido da morte (e da vida) no mundo moderno (diga-se de passagem, que o tema da Tradição em dissolução é um tema caro ao cinema clássico japonês - vejam, por exemplo, os filmes de Yasujiro Ozu). O filme "A Partida" resgata o valor da Tradição sem ser nostálgico.
Há quase vinte anos o capitalismo japonês está imerso numa crise de desenvolvimento que abre um campo sintomático de morbidez social. O que explica, de certo modo, porque o problema da morte (e do próprio sentido da vida) aparece como sendo, de fato, o problema da crise da sócioreprodutibilidade capitalista sob a crise da modernidade hipertardia emerge neste filme com intensa força narrativa. Aliás, ao tratar da morte e sua significação, o filme resgata o sentido da vida nas condições da crise atual de civilização.
Outro dado interessante é que, no filme, é através da esfera do trabalho que se põe com candência as questões de cunho existencial lastreadas na reflexão lirica sobre o sentido da morte (e da vida). É ao buscar resolver o problema do trabalho - que é hoje, sob a crise do capitalismo global, o problema do desemprego - que ocorre o reencontro do personagem principal, o jovem Daigo Kobayashi, com seu passado originário. Assim, no filme, o trabalho como atividade vital, portanto, se coloca como esfera sociológica fundamental que organiza o sentido da vida e da morte para o personagem principal.
Portanto, no filme "A Partida", temos, por uma lado, (1) a discussão do choque cultural entre tradição e modernidade, exposta, por exemplo, através da reflexão implicita sobre