UMA ANÁLISE Do filme PRA FRENTE BRASIL; DITADURA/COPA DE 70.Pra frente Brasil, filme de Roberto Farias, lançado em 1982, aborda o retrato das coisas que não podemos esquecer sobre a ditadura brasileira: os sequestros efetuados pelo governo para exterminar possíveis movimentos subversivos e/ou comunistas. O filme adota uma lógica de impressão explícita da realidade. A primeira cena de Pra frente Brasil caracteriza a violência imposta por um grupo de torturadores operantes à margem do Estado através de Jofre (Reginaldo Faria), pacato trabalhador brasileiro que, ao desembarcar no aeroporto Galeão, pega uma carona com um desconhecido no táxi. O veículo é perseguido, e Jofre, sem saber a razão, é sequestrado. A chegada ao cativeiro é marcada por torturas e questionamentos a respeito do sujeito que o acompanhava, morto pelos sequestradores ainda no táxi. Jofre percebe o mal entendido e diz ter sido confundido por estar junto com um homem que se apresentou como Sarmento, e que apenas tinha lhe oferecido carona. Porém, para os opressores, ele não passa de mais um comunista que não quer entregar seus comparsas. Como pano de fundo, estamos em vias de Copa do Mundo no México, evento que distrai a população reprimida e permeia a atmosfera tensa da família em busca de Jofre, este desaparecido exatamente no dia de início do campeonato e levado, de capuz, ao interrogatório. Camisetas da seleção brasileira e fardas militares compunham a atmosfera recém-nascida de 1970. Dançando no ritmo da memorável frase criada pela publicidade governista, “Brasil: ame-o ou deixe-o”, o governo brasileiro costurava sua imagem ao sucesso do futebol, num momento propício ao aliamento de conceitos de pátria, futebol e governo. A seleção brasileira estava às vésperas de jogar a Copa do Mundo de 1970. Era a chance do tricampeonato, a chance para Médici obter uma tremenda taxa de aprovação. A nação é o Brasil, o Brasil é futebol, o futebol simboliza o governo: o governo é vencedor.Dentro de um cenário