filhas da bomba
"É assim que termina o mundo. Não com um estouro, mas um gemido". As palavras do escritor T.S.Elliott são repetidas como um pedido de esperança por Ginger, protagonista do longa metragem Ginger & Rosa. A obra, produzida pela diretora britânica Sally Potter, tem como cenário a Inglaterra no início dos anos 60, e conta a história das duas personagens que dão nome ao filme. Nascidas em 1945, dia em que foi lançada a bomba de Hiroshima, Ginger e Rosa se vêem, dezessete anos depois, diante de uma nova ameaça mundial.
Enquanto o país inglês ainda sofria com as lembranças e consequências dos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, a atual possibilidade de um holocausto nuclear, e o auge da Guerra Fria, assustava grande parte da humanidade. Frente à possibilidade da extinção humana, as duas jovens são tomadas por um fenômeno ideológico, onde os sentidos inquietos daquela geração as lançam em busca de propósitos, filosofias e descobertas imediatas.
Ginger, interpretada pela atriz Elle Fanning, é filha de Roland (Alessandro Nivola), professor e intelectual, e Nathallie (Christina Hendricks), uma dona de casa frustrada. Embora divida o título do filme com sua amiga, Ginger é a personagem que recebe maior destaque na narrativa. Seus cabelos, ruivos e bagunçados, parecem traduzir de imediato a personalidade rebelde da jovem. Já Rosa, vivida por Aline Englert, parece ainda sofrer o abandono de seu pai quando era criança, e passa por relações conturbadas com sua mãe, Anoushka (Jodhi May).
Juntas, as duas amigas passam pelos dilemas da adolescência e da época. Descobrem a liberdade, compartilham suas primeiras tragadas de cigarros, passam pelas primeiras experiências sexuais, e, principalmente, confusões existenciais. A ameaça eminente da Guerra Fria gerou divisão não só o mundo, mas também na relação entre as duas: Enquanto Ginger passa a se consolidar como ativista, poeta, questionadora e revolucionária, representando o grupo de pessoas engajadas