Figuras de linguagem
Enquanto a metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias, a metonímia funciona com a relação de contiguidade entre elas.
Pedindo auxílio à teoria dos conjuntos, como fez Othon Moacyr Garcia em seu clássico "Comunicação em Prosa Moderna", percebe-se que os traços de significados das duas ideias comparadas entram em intersecção na metáfora.
Por exemplo (subjetivo): um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual
Já na metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão relacionadas por proximidade.
Por exemplo, as expressões: 1- "sem-teto", 2- "Tomou o copo todo", 3- "Adoro ler Veríssimo" são metonímias, respectivamente, porque:
1- O termo teto está em relação de contiguidade com o resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo "habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão.)
2- O termo copo normalmente contém alguma bebida e é usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo)
3- O termo Veríssimo é usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do autor; é impossível ler uma pessoa).
Diferente da metonímia, outras figuras de linguagens como a personificação e a hipérbole mantêm com a metáfora uma relação de união semântica, não podendo assim ser totalmente dissociada uma da outra. É como se tais figuras fossem “metáforas especiais”. Se observarmos a frase: “ Neste dia ensolarado, o mar me convida ao seu encontro e as ondas querem me abraçar”, temos a metáfora na comparação sem o conectivo: O dia está tão lindo e o mar tão bom que é “como se” ele me convidasse para o