fichamento
Referência:
RUSSEL, Bertand. Os problemas da filosofia. 5 ed. Coimbra: Arménio Amado Edito, 1980,
p.231-242.
p. 1
É de tanto maior necessidade que seja considerado este problema, quanto é certo que numerosas pessoas, por influxo da ciência ou dos negócios práticos, propendem a duvidai de que a filosofia seja algo melhor que passatempo inútil Se o estudo da filosofia é susceptível de préstimo para aquelas pessoas que a não estudam, só poderá ser indiretamente, por intermédio do efeito que venha a ter na vida das pessoas que se lhe consagram.
É unicamente entre os bens do espírito que o valor da filosofia se pode achar; e só os não indiferentes a esses bens do espírito se podem persuadir de que estudar filosofia não é simplesmente malbaratar o tempo.
A filosofia, como os demais estudos, visa primeiramente ao conhecer. O conhecimento que ela tem em vista é aquela espécie de conhecimento que confere unidade e organização sistemática a todo o corpo do saber científico, bem como o que resulta de um exame crítico dos fundamentos das convicções, e dos nossos preconceitos, e das nossas crenças.
Assim, em grande extensão, a incerteza da filosofia é mais aparente do que real: dos problemas, os já capazes de soluções positivas vão sendo colocados nas ciências, ao passo que aqueles para que não foi encontrada, até o presente, uma resposta exata, continuam a constituir esse resíduo a que se dá o nome de filosofia.
p. 02
o ir mantendo como chama viva o interesse especulativo pelo universo
O valor da filosofia, em grande parte, deve ser buscado na sua mesma incerteza. Quem não tem umas tintas defilosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que se derivaram do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação