Fichamento: A noção de bruxaria como explicação de infortúnios
Nascido em Sussex, Inglaterra, no ano de 1902, Evans-Pritchard iniciou seus estudos em Oxford e obteve seu doutorado na London School of Economics and Political Sciences (LSE). Seu primeiro trabalho de campo se deu justamente entre os Azande, povo da África Central com o qual conviveu em diferentes períodos de 1926 a 1932. Os resultados desta pesquisa foram sua tese de doutorado e a publicação de Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, bem como inúmeras outras obras lançadas ao longo de toda sua carreira.
Em A Noção de Bruxaria como explicação de infortúnios, o autor refere-se a bruxaria como uma filosofia quase que natural entre os Azande (para eles a bruxaria é comum e eles não a classificam como algo sobrenatural, pois sequer tem esta noção em sua sociedade), através da qual se pode explicar os acontecimentos corriqueiros do dia a dia, como, também, fenômenos, de uma maneira simples e menos complexa do que as explicações por meio de relações essencialmente de causa e efeito, utilizadas na nossa sociedade.
Essa mesma crença na bruxaria serve como um sistema de valores que regula a conduta daquele povo. O autor assevera que a bruxaria é "onipresente", porquanto aparece em todos os momentos da vida zande, em todas as esferas – doméstica ou comunal – se temos um determinado infortúnio, provavelmente vão dizer (os Azande) que "foi bruxaria". A bruxaria como explicação é utilizada por conta da especificidade do acontecimento, a necessidade de explicar o porquê de ter acontecido aquilo naquele momento, e porque com aquela pessoa e não outra; explica porque os eventos são nocivos, e não como eles acontecem.
A bruxaria como resposta para os acontecimentos indesejados, somente é dispensada nos casos em que existem outras crenças envolvidas como o oráculo (que revela se houve bruxaria ou não) ou a quebra de um tabu