FIchamento texto Sennet
Tiranias da Intimidade - Richard Sennett.
Para entendermos por que O declínio do homem público já se tornou uma espécie de clássico da sociologia contemporânea, basta olhar à nossa volta.
Parece óbvio para o homem contemporâneo o privilégio da vida íntima em detrimento da pública. Sennett lhe diz, em O Declínio do Homem Público, que isto não é próprio ao ser social, mas um desequilíbrio se processa desde a
Formação do paradigma do homem moderno ocidental, no século XVIII e que, sobretudo, é um problema.
A gênese deste desequilíbrio é vista através de uma continuidade entre o teatro e a cidade que se expressa em vetores interdependentes através de cujas transformações a história da cultura pública, do desenvolvimento ao declínio, é narrada. São estes vetores os códigos de interação entre estranhos, e as condições e acepções da expressividade em público.
Percorremos a organização desses vetores nos hábitos públicos nas ruas, no palco e na platéia,em Londres e Paris nas décadas de 1750, 1840 e 1890.
São cidades e períodos centrais para a história do ocidente. Pela comparação entre os intervalos, vemos que os códigos que, no século XVIII, eram fortes e contínuos entre arte e sociedade, tornam –se confusos e terminam por diluir-se ao longo do século XIX. Descodificada, a expressão é encarada como de sentimentos e condições íntimas, tornando-se perigosa para quem a efetua e invasiva para quem a assiste, é, portanto, evitada e colocada separadamente no domínio da arte. A isto está ligado o surgimento da personalidade em público, em lugar do distanciamento e da representação próprias ao jogo: o homem agora precisa agir de maneira autêntica, conforme os seus sentimentos e não conforme os seus interesses. Esta falta de distanciamento na vida pública é que a tornaria indesejável, provocando uma reclusão à vida íntima. A ação coletiva, nesses termos, é restrita: só parece autêntico associar – se a grupos de pessoas que tenham