Fichamento - Terra dos Homens - Cap. IV

1947 palavras 8 páginas
No século XVII o geógrafo é um personagem reconhecido. A palavra suplanta a de cosmógrafo e designa “aquele que desenha cartas geográficas e, eventualmente, as comenta, mais do que aquele que descreve a Terra com discursos. Os cartógrafos – Nicholas de Nicolai, Sanson, Duval, Delisle, Buache i.a. - são qualificados de geógrafos do rei” (de Dainville, 1964: IX). Assim concebida, a geografia é uma arte útil: ela faz parte da bagagem do homem culto. O oficial deve saber levantar plantas e lê-las, o marinheiro, desenhar as linhas do litoral e usar as cartas que seus predecessores fizeram dessas áreas. A geografia é ensinada nos colégios católicos ou nas academias protestantes. A geografia como a conhecemos existe, mas se desenvolve à margem da cartografia. Para interessar os alunos de seus colégios, os jesuítas tiram partido das cartas que os missionários enviam ao Padre Geral dessa ordem monástica, e que são publicadas nas Cartas Edificantes (de Dainville, 1940). Eles tornam desta forma, vívidas as descrições dos países distantes. A cartografia constitui o coração da disciplina. Esta se baseia na colaboração: (1) de astrônomos que determinam as latitudes (operação simples) e as longitudes (a operação é pesada e implica observações minuciosas e cálculos complexos); (2) de navegadores e de exploradores que anotem em seus diários de bordo a latitude de suas observações, a direção de sua trajetória e a distância percorrida a cada dia; (3) de topógrafos, ditos geógrafos, que efetuam – pela triangulação – levantamento quer no litoral quer em terra; (4) eruditos que tiram das narrativas de viagem uma estimativa crítica das distâncias. Desde Eratóstenes, a qualidade dos resultados depende do elo mais fraco, este último. Os geógrafos gostariam de participar diretamente da descoberta dos novos espaços marítimos ou continentais, mas os governos preferem embarcar, nos navios que eles armam, engenheiros hidrógrafos ou topógrafos, bem como naturalistas. A

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