Fichamento pierre bourdieu
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO DE PIERRE BOURDIEU: LIMITES E CONTRIBUIÇÕES
CLÁUDIO MARQUES MARTINS NOGUEIRA
MARIA ALICE NOGUEIRA
Bourdieu teve o mérito de formular, a partir dos anos 60, uma resposta original, abrangente e bem fundamentada, teórica e empiricamente, para o problema das desigualdades escolares. Até meados do século XX, predominava nas Ciências Sociais e mesmo no senso-comum uma visão extremamente otimista, de inspiração funcionalista, que atribuía à escolarização um papel central no duplo processo de superação do atraso econômico, do autoritarismo e dos privilégios adscritos, associados às sociedades tradicionais, e de construção de uma nova sociedade, justa, moderna e democrática.
A escola seria, nessa perspectiva, uma instituição neutra, que difundiria um conhecimento racional e objetivo e que selecionaria seus alunos com base em critérios racionais.
O que ocorre nos anos 60 é uma crise profunda dessa concepção de escola e uma reinterpretação radical do papel dos sistemas de ensino na sociedade.
Os anos 60 marcam a chegada ao ensino secundário e à universidade da primeira geração beneficiada pela forte expansão do sistema educacional no pós-guerra.
É impressionante o sucesso alcançado pela Sociologia da Educação de Bourdieu. Passados quase quarenta anos da publicação de Les héritiers
– primeira grande obra do autor dedicada à educação –, sua sociologia continua viva e inspirando novos trabalhos sobre os mais diversos aspectos do fenômeno educacional.
O artigo está dividido em duas partes principais. Na primeira serão consideradas as análises e reflexões de Bourdieu relacionadas ao tema da constituição diferenciada dos atores segundo sua origem social e familiar e as repercussões dessa formação diferenciada para suas atitudes e comportamentos escolares.
Os alunos não são indivíduos abstratos que competem em condições relativamente igualitárias na escola, mas atores socialmente constituídos que trazem, em larga medida