Fichamento: Marxismo e política - Carlos Nelson Coutinho
Carlos Nelson Coutinho
“[...] Como se sabe, Marx (na trilha de Hegel) concebe a dialética como um método de articulação categorial que procede mediante a elevação do abstrato ao concreto, do menos complexo ao mais coplexo; esta elevação tem como meta a construção progressiva de uma “totalidade concreta”, de uma “síntese de múltiplas determinações”, na qual as várias determinações abstratas (parciais) aparecem repostas e transfiguradas na totalidade que as mediatiza e, precisamente por isso as concretiza.”(p.14)
“Mas a elevação do abstrato ao concreto – ou no que aqui nos interessa, a “ampliação do conceito de Estado – Possui uma dupla dimensão. [...] dimensão histórico-ontologica, que se refere ao grau maior ou menos de complexificação (de concretização) da própria realidade objetiva com a qual o pesquisador se depara. Exemplificando: Um pesquisador marxista pode deliberadamente se situar num nível abstrato constituído pelo “modo de produção” e dele derivar não apenas a teoria do Estado (definido abstratamente como o aparelho de dominação da classe economicamente dominante), mas a própria estrutura de classes (indicada como uma contraposição bipolar abstrata entre as duas classes fundamentais do modo de produção em pauta). Creio que nenhum marxista negaria o fato de que essa abordagem abstrata e preliminar, situada no nível das leis mais gerais do modo de produção, é um momento necessário da investigação histórico-materialista do Estado; nem todos porém, reconhecem que ela é insuficiente para a apreensão das múltiplas determinações que caracterizam o fenômeno estatal em suas manifestações concretas.” (p.15)
“No plano gnosiológico, a “ampliação” do conceito de Estado consiste, assim, em articular dialeticamente os momentos abstratos obtidos na análise do modo de produção com as determinações mais concretas que resultam do exame da formação econômico-social enquanto nível mais complexo da totalidade societária. A escolha desse ângulo mais