Fichamento do livro “A ideia de cultura” de Terry Eagleton
“Cultura, aqui, significa uma atividade, e passou-se muito tempo até que a palavra viesse a denotar uma entidade.”
“Etimologicamente falando, então, a expressão atualmente popular “materialismo cultural” é quase tautológica. “Cultura” denotava de inicio um processo completamente material, que foi depois metaforicamente transferido para questões do espírito.”
“Mas essa mudança semântica é também paradoxal: são os habitantes urbanos que são “cultos”, e aqueles que realmente vivem lavrando o solo não o são. Aqueles que cultivam a terra são menos capazes de cultivar a si mesmos. A agricultura não deixa lazer algum para cultura.”
“Verdades culturais – trate-se da arte elevada ou das tradições de um povo – são algumas vezes verdades sagradas, a serem protegidas e reverenciadas. A cultura, então, herda o manto imponente da autoridade religiosa, mas também tem afinidades desconfortáveis com ocupação e invasão; e é entre esses dois polos, positivo e negativo, que o conceito, nos dias de hoje, está localizado.”
“Se cultura significa cultivo, um cuidar, que é ativo, daquilo que cresce naturalmente, o termo sugere uma dialética entre o artificial e o natural, entre o que fazemos ao mundo e o que o mundo nos faz.”
“A natureza produz cultura que transforma a natureza; esse é um motivo familiar nas assim chamadas Comédias Finais de Shakespeare, nas quais a cultura é vista como meio da autorrenovação constante da natureza.”
“Se a natureza é sempre de alguma forma cultural, então as culturas são construídas com base no incessante tráfego com a natureza que chamamos de trabalho. As cidades são construídas tomando-se por base areia, madeira, ferro, pedra, água e assim por diante, e são assim tão naturais quanto os idílios rurais são culturais.”
“O cultural é o que podemos mudar, mas o material a ser