Fichamento do capítulo - As crises e as contradições do capitalismo. In: BRAZ, Marcelo; NETTO, José Paulo. Economia Política: Uma Introdução Crítica. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2007.
As crises são inevitáveis sob o capitalismo, mas é possível e viável uma organização da economia estruturalmente diferente da organização capitalista, capaz de suprimir as causas da crise (BRAZ; NETTO, 2011, p.157).
É evidente que podem ocorrer crises econômicas em sociedades onde não é dominante o MPC. Em sociedades pré-capitalistas, registraram-se perturbações na produção que acarretaram empobrecimento e miséria. A características das crises pré-capitalistas reside no fato de elas resultarem da destruição dos produtores diretos ou dos meios de produção, ocasionada por desastres naturais (por exemplo, epidemias como a peste negra-dizimando os produtores) ou por catástrofes sociais (por exemplo, guerras destruindo os meios de produção e forças produtivas). Tais crises indicam uma insuficiência na produção de valores de uso e, por isso, podem ser designadas como crises de subprodução de valores de uso (BRAZ; NETTO, 2011, p.157).
As crises próprias do MPC são inteiramente diferentes. Se, na crise pré-capitalista, é a diminuição da força de trabalho que ocasiona a redução da produção, na crise capitalista é a redução da produção que ocasiona a diminuição da força de trabalho utilizada (o desemprego). A crise capitalista aparece, inversamente à crise pré-capitalista, como uma superprodução de valores de uso, ou seja, não há insuficiência na produção de bens, nem carência de valores de uso, o que ocorre é que os valores de uso não encontram consumidores que possam pagar o seu valor de troca o que leva os capitalistas a restringirem a produção ao limite, pois a oferta torna-se maior que a procura (BRAZ; NETTO, 2011, p.158).
O capitalista investe dinheiro para produzir mercadorias com o objetivo de obter mais dinheiro do que investiu. A crise é a interrupção desse movimento: a