Fichamento - Do Antigo Estado à Máquina Mercante
Helena Gervásio Coutinho
DRE: 113053275
1. Estudo do soneto de Gregório de Matos “ À Bahia”:
A Bahia é caracterizada como “ Triste Bahia!”, não como um espaço ou como um estranho, mas como o objeto das paixões do poeta. Não é o nome em si, abstrato, mas o nome qualificado e sofrido, o nome-para-o-eu. A Bahia não está somente triste no sentido de magoada, mas também triste como a responsável pela mudança lastimável para a situação pior, como culpada, geniosa e de maus costumes.
As mudanças na história social do poema falam pela voz do poeta. As contradições levaram, juntamente, a Bahia (o tu) e Gregório (o eu), mostrando a identificação profunda entre o poeta e o objeto do poema. “O poeta vê a cidade; a cidade vê o poeta” = O que mudou com o passar do tempo foi a qualidade do ser, refletida nos olhos de cada um: da antiga riqueza caiu-se na pobreza de hoje.
O que significa a máquina mercante? É a modernidade que aportava à Bahia por meio dos navios de comércio, que traziam mercadorias e tornavam a barra de Todos os Santos “larga” com a liberdade perigosa que os comerciantes tinham. Ou seja, ocorre uma abertura do porto de Salvador a navios estrangeiros.
O que faz a máquina mercante? Uma resposta: troca. Troca com o sentido de mudar, alterar, com regência de objeto direto. Por exemplo, a máquina mercante trocou-te, transformou a Bahia e os seus habitantes.
No último terceto do poema, a triste Bahia torna-se, de vítima, como culpada, e deve ser castigada. “Um dia amanheceras tão sisuda / Que fora de algodão o teu capote!” = Que a Bahia deixe de envergar sedas e veludos e se contente com um simples capote de algodão. Ou seja, que deixe de ser pródiga e fátua, e torne-se austera e recolhida.
1. Gregório em situação: estamento, raça, sexo:
Gregório viveu durante a época de mudanças e da passagem do Antigo Estado à Máquina Mercante. A crise do preço do açúcar no meio do século favoreceu três