Rousseau afirma, primeiramente, existirem dois tipos de desigualdade entre os seres humanos, natural ou física, decorrente daquilo que a natureza estabeleceu, ou seja, saúde, idade, força, entre outros, e moral ou política, em que alguns desfrutam maiores privilégios se comparados a outros, tais como riqueza e poder (pgs. 38 e 39). Então, o autor passa a descrever o homem em seu “estado de natureza” inicial. O homem selvagem vive conforme seus instintos (pg.57) e apenas os mais fortes tem condição de sobreviver (pg.45). O homem não tem necessidade de pensar, ele vive de maneira simples, uniforme e solitária, os males são causados pela fuga dessa forma convencional de convívio (pg.50). Rousseau diz que por não serem conhecedores da moral e nem dos deveres, esses selvagens não podiam ser nem bons nem maus, assim como não possuíam nem virtudes nem vícios (pg.73). Conclui-se que a desigualdade entre os homens nesse estado de natureza era ínfima se comparada à sociedade civil, por conta da desigualdade de instituição (pg. 87). Após isso, é definido que, a partir do momento em que o homem precisou da ajuda do próximo e percebeu que a produção podia ser divida, instaurou-se o conceito de propriedade, exterminando de vez a igualdade (pg.103). Então, as desigualdades aumentam desproporcionalmente pelo processo de produção (pg.108). O homem, que antes era livre, passa a ter necessidade de se prender ao mundo das aparências para se manter (pg.109). Com toda essa desordem advinda da degeneração da natureza humana, foi-se criado um governo que garantisse a ordem, mas que teria a obrigação de prezar pela liberdade do indivíduo e não sujeita-lo à opressão (pg. 120).
ROUSSEAU, Jean–Jacques. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens.