Fichamento: Crítica da Arte (ARGAN)
A produção de um elemento artístico, seja em qual campo for, vem acompanhada de sua crítica, e “tem como fim a interpretação e avaliação das obras artísticas” (p. 127). A tradição da crítica sempre existiu, mas foi a partir do século XVIII e do Iluminismo que obteve caráter literário, desenvolvendo-se em níveis diversos: filosófico, jornalístico, historiográfico etc.
A crítica não é menos importante do que a própria arte. Segundo Argan, “não pode ser considerada uma actividade secundária” (p. 128). Define-se a crítica como uma extensão da obra, que auxilia na compreensão, e que muitas vezes é feita pelos próprios artistas, cujas declarações justificam e sustentam sua produção.
O significado de uma obra nem sempre atinge o público imediatamente. Para que seja acessível a toda a sociedade, “a crítica desempenharia assim uma função mediadora, lançaria uma ponte sobre o vazio que se tem vindo a criar entre os artistas e o público” (p. 128), justificando sua função e sua importância junto à obra, e sendo também necessária para o grande público que não está acostumado ao consumo da cultura e, principalmente, da arte.
Não somente como instrumento divulgador e explicativo, mas também como ciência ou gênero literário, a crítica participa diretamente das tendências e correntes artísticas, “demonstrando assim preocupar-se com o que falta ainda fazer ou está a ser feito, e portanto com a futura orientação da arte” (p. 129).
A relação arte-sociedade fez-se bastante consolidada no passado, quando a arte foi modelo da produção econômica e dos avanços do trabalho artesanal manual. No entanto, com o advento da indústria, a relação foi quebrada visto que mudanças significativas foram difundidas tanto no campo tecnológico de produção quanto na estrutura econômica e social. Houve uma ruptura entre a arte, como função estética, e as outras atividades “normais” da sociedade. A