Ficha de leitura jamais fomos modernos – ensaio de antropologia simétrica.
LATOUR, Bruno. “Crise”; “Constituição”. In: Jamais fomos modernos – Ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994, p.07-52.
Letícia Zat Vargas
Bruno Latour nasceu na cidade de Beaune, em 22 de junho de 1947, é antropólogo, filósofo e professor de Sociologia na École Nationale Supérieure des Mines de Paris e na Universidade de Califórnia, San Diego.
Sua obra Jamais fomos modernos, foi publicada pela primeira vez no ano 1991 na França, para três anos depois, em 1994 ser publicada no Brasil pela Editora 34 Ltda.
Latour inicia seu texto relatando as notícias de um jornal, onde as informações são separadas como se não houvesse relação alguma entre elas. Ao relatar as páginas do jornal o autor nos mostra que todas as informações estão interligadas e critica essa separação dizendo:
“Contudo, ninguém parece estar preocupado. As páginas de Economia, Política, Ciência, Livros, Cultura, Religião e Generalidade dividem o layout como se nada acontecesse. O menor vírus da AIDS nos faz passar do sexo ao inconsciente, à África, às culturas de células, ao DNA, a São Francisco; mas os analistas, os pensadores, os jornalistas e todos que tomam decisões irão cortar a fina rede desenhada pelo vírus em pequenos compartimentos específicos, onde encontraremos apenas a ciência, apenas economia, apenas representações sociais, apenas generalidades, apenas piedade, apenas sexo.”
Em seguida, em um subtítulo chamado “A crise da Crítica”, o autor nos diz que se desenvolveram três repertórios distintos para falar do nosso mundo: a naturalização personificada por Changeux, a socialização por Bourdieu, e a desconstrução por Derrida. Quando o primeiro fala de fatos naturalizados, não existe mais sociedade, nem sujeito, nem forma do discurso. Quando o segundo fala de poder socializada, não existe mais ciência, técnica, texto ou conteúdo. Quando o terceiro fala de efeitos de verdade, a ciência e os jogos de poder são esquecidos. Assim, cada uma das