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CLAUDIO B. RECCO da Folha de S.Paulo
Durante a Idade Moderna, a base do poder absoluto do rei foi formada pelas duas classes sociais de elite --a nobreza e a burguesia-- e pela igreja. No entanto, neste mesmo período, percebemos grandes transformações na organização religiosa do cristianismo, com o movimento reformista e a formação de novas doutrinas, iniciados por Lutero.
Apesar da quebra da unidade do cristianismo, dividido a partir de então em doutrinas diferentes, a religião continuou a ter um papel importante na formação cultural do homem europeu e, conseqüentemente, foi utilizada para apoiar e/ou justificar o poder real.
Ao analisarmos as estruturas do absolutismo em diversos países, percebemos a importância que a religião assumiu na organização do poder de Estado.
Apesar dessa importância, os principais teóricos do absolutismo se utilizaram do discurso racional, de origem renascentista. Maquiavel defende a utilização de todos os meios ao alcance dos governantes para a centralização do poder; para Thomas Hobbes, o absolutismo era necessário para a organização social, superando o "egoísmo intrínseco ao homem". No século 17, Jacques Bossuet, bispo francês, estabelece a relação entre o poder do rei e o poder de Deus.
Na península Ibérica, o absolutismo formou-se antes do movimento reformista e contou com o apoio do clero católico, uma vez que os vínculos entre a nobreza real e o alto clero eram muito fortes. Na França e na Inglaterra, onde a formação do absolutismo coincide cronologicamente com a reforma religiosa, é que percebemos a utilização da religião ou da igreja na luta pelo poder.
Na Inglaterra, o rei Henrique 8º optou pelo rompimento com a Igreja Católica e pela organização de uma nova igreja oficial, denominada Anglicana, que foi comandada diretamente por ele, que, apoiado pelo Parlamento, controlava o poder político e religioso ao mesmo tempo, consolidando o absolutismo.
Na França, a