Ferreiro E Piaget
Julia Maria Borges Anacleto
Resumo: Considerando as formulações de Emilia Ferreiro a respeito do papel do outro no processo de aquisição da escrita pela criança, pretende-se contribuir para uma discussão acerca do dilema pedagógico que as interpretações feitas dessa autora geram.
Ainda de forma inicial, pretende-se explorar a possibilidade de contribuição para esse debate a partir das formulações que têm procurado articular a teoria psicanalítica da constituição do sujeito e a aquisição da escrita.
O presente trabalho pretende articular algumas das ideias que vimos desenvolvendo em nossa pesquisa de mestrado. A questão geral com que vimos trabalhando pode ser resumida na pergunta: o que está em jogo no processo de aquisição da escrita pela criança? A fim de desdobrar essa questão, temos realizado uma pesquisa bibligráfica em torno de algumas teorias sobre alfabetização, buscando analisá-las e interrogá-las à luz das formulações psicanalíticas acerca da constituição do sujeito.
No Brasil, o discurso pedagógico acerca da alfabetização é perpassado de forma preponderante (assim como acerca da educação em geral), principalmente a partir da década de 1990, por uma influência explícita aos estudos empreendidos pela psicóloga argentina Emilia Ferreiro, bem como por uma série de outros pesquisadores que se envolvem também nessas pesquisas acerca da aquisição da escrita pela criança, tendo como base conceitual a epistemologia genética piagetiana. Tal discurso, nomeadamente construtivista, busca estabelecer parâmetros pedagógicos novos para o processo de alfabetização, baseados nas ideias que desde Piaget foram desenvolvidas acerca do desenvolvimento cognitivo.
Assim, o discurso sobre a alfabetização que se gesta a partir dessas novas referências inaugura novos modos de se vislumbrar o processo de aprendizagem da criança, bem como traz também novos problemas. O que se verifica é que essas ideias,
colocadas