FERNANDO PESSOA
“O amor quando se revela”
Biografia
13 de junho de 1888;
Liceu de Durban e Universidade do Cabo da Boa Esperança;
Prémio Rainha Vitória;
Heterónimos;
Obras:
Livro do Desassossego;
O Banqueiro Anarquista;
O Marinheiro;
Por ele mesmo;
Na floresta do alheamento
30 de novembro de 1935
“O amor quando se revela”
“O amor, quando se revela,
Mas quem sente muito, cala;
Não se sabe revelar.
Quem quer dizer quanto sente
Sabe bem olhar p'ra ela,
Fica sem alma nem fala,
Mas não lhe sabe falar.
Fica só, inteiramente!
Quem quer dizer o que sente
Mas se isto puder contar-lhe
Não sabe o que há de dizer.
O que não lhe ouso contar,
Fala: parece que mente
Já não terei que falar-lhe
Cala: parece esquecer
Porque lhe estou a falar.”
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Análise Formal
O amor, quando se revela,
A
Não se sabe revelar.
B
Mas quem sente muito, cala;
A
Sabe bem olhar p'ra ela,
A
Quem quer dizer quanto sente
C
Mas não lhe sabe falar.
B
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Se pudesse ouvir o olhar,
Mas se isto puder contar-lhe
C
D
Ah, mas se ela adivinhasse,
C
C
D
Cala: parece esquecer
A
E
B
E se um olhar lhe bastasse E
Pr'a saber que a estão a amar! B
F
O que não lhe ouso contar,
B
Já não terei que falar-lhe
F
Porque lhe estou a falar..”
B
Bibliografia
http://www.umfernandopessoa.com/o-amor-quando-se-revela.html
Magalhães, O., e Costa, F. (2010). Entre Margens – Português 10º ano.
Porto. Porto editora.