Fernando pessoa

338 palavras 2 páginas
“Pensar em Deus e desobedecer a Deus”
É possível dividir o poema em duas partes. Na primeira parte, o sujeito poético apresenta a tese de que quem pensa em Deus está a desobedecer-lhe, na medida em que se ele não se mostra e porque não quer que o conheçamos.
Na segunda parte através do presente do conjuntivo, com valor de imperativo “Sejamos” apela-se a necessidade de se viver uma vida simples e calma através da dupla adjetivação “sejamos simples e calmos” de acordo com a natureza, daí a comparação com os regatos e as arvores.
O sujeito poético aproxima ainda os elementos da natureza aos seres humanos através da comparação “sejamos simples e calmos como os regatos e as arvores” sendo que Deus da a ambos o “verdor da primavera” (metáfora) isto é, a vida e também a morte cujo conceito aparece suavizado através do eufemismo “é um rio aonde ir ter quando acabemos”… Deus não terá mais nada a dar porque entretanto, tudo termina com a morte.

A nível da linguagem o vocabulário presente e muito simples, predominado o vocabulário associado ao campo lexical de natureza “regatos” “árvore” “verdor” e “primavera”. Na primeira estrofe predomina a repetição do vocábulo “Deus” pelo facto de estar associada a tese apresentada. Alem disso, o polissíndeto (repetição do “e” conjunção coordenativa copulativa) presente na segunda estrofe contribui para a coordenação simples das frases.
A presença das reticências na primeira e na segunda estrofe revela que a informação poderia continuar, mas tal seria entrar em parâmetros de pensamento, sendo este rejeitado por ele.

A nível formal, o poema e composto por duas estrofes: uma de três versos (terceto) e uma de oito versos (oitava).
A métrica e irregular e os versos são soltos, a exceção da rima que se repete com a palavra “arvores” (cruzada)
Esta simplicidade a nível formal, justifica-se pelo facto de Caeiro ser o poeta anti metafisico, aquele que deseja viver unicamente através das sensações, o momento presente sem ter de

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