FEMINISMO
Na sua edição de 28 de setembro de 1996, a revista americana The Economist publicou um artigo intitulado" Tomorrows Second Sex", alertando a opinião pública para a gravidade de um novo problema social: o futuro sombrio de metade da Humanidade, aquela constituída pelo sexo masculino, fadada, ao que parece, a ocupar no próximo milênio o lugar antes cativo das mulheres na condição de segundo sexo.
Há quase cinqüenta anos,1 Simone de Beauvoir assim denominava a obra em que se perguntava sobre o que é ser mulher aquele ser outro que, em face do sujeito, existe apenas pela negativa, sem direito à transcendência. As mudanças presentes no mercado de trabalho, mais favoráveis a uma maior e mais constante inserção produtiva da População Economicamente Ativa PEA feminina, e o sucesso escolar das meninas no 1º e 2º graus estariam, por assim dizer, revogando o pressuposto teórico das feministas de que nós mulheres somos ainda o sexo oprimido, objeto de discriminação, por princípio e por essência desigual.
As razões de tal inversão de valores e práticas decorreriam da maior perda de postos de trabalho imposta aos homens, por estarem eles mais concentrados em ocupações e ramos fortemente afetados pela reestruturação produtiva; por estarem se ampliando as ofertas de trabalho nas atividades terciárias, notadamente aquelas de cunho social e administrativo tradicionalmente desempenhadas por mulheres, portanto, as mais diretamente beneficiadas por essa criação de empregos; e, por fim, por não estarem os homens tão dispostos quanto deveriam a disputar com as mulheres empregos "femininos". Tudo isso estaria afetando mais gravemente os trabalhadores do sexo masculino, pouco qualificados e pouco instruídos. Esse grupo, na verdade, estaria forjando os contingentes do segundo sexo de amanhã.
O agravante é que, ao contrário do que sempre ocorreu com as mulheres, tais homens teriam reduzidas suas chances de