Feliz natal gaúcho
Os cristãos o reverenciam como Deus feito homem. Xamãs indígenas, cabalistas judeus e sufis muçulmanos o consideraram um mestre consumado de suas respectivas linhagens. Iogues indianos o reverenciaram como um siddha (perfeito) ou até um avatar (encarnação divina). Quem foi esse homem chamado Jesus? Sua figura fascinou filósofos, cientistas e artistas. Confortou as dores, apaziguou os corações e alegrou as vidas de milhões de pessoas comuns. Porém, com tudo o que já foi dito a seu respeito, ela continua envolta em mistério. Quem foi esse homem que ainda hoje nos desafia? A ciência seria bem tola se pretendesse responder a tal pergunta. No entanto, a pesquisa científica pode, sim, enriquecer nossa visão de Jesus. E situar sua ação num contexto preciso. Qual é a legitimidade das narrativas a seu respeito? Quando e onde ele nasceu? Que tipo de instrução recebeu na infância? Como era sua aparência quando adulto? Exerceu uma profissão? O que ensinou aos homens e mulheres de seu tempo? De que modo reagiu aos grupos políticos e religiosos da época? Por que o condenaram à morte? Como ele morreu? Qual o significado da ressurreição? Estas são algumas das perguntas que se fazem os estudiosos. Suas respostas fornecem o material para os artigos desta série.
Bebendo nas fontes
Os Evangelhos: Quase tudo o que sabemos da vida de Jesus vem de narrativas conhecidas como "evangelhos" - palavra, de origem grega, que significa "boa nova". A veracidade desses textos chegou a ser contestada por historiadores tão influentes quanto Ernest Renan (1823-1892) e teólogos tão importantes quanto Rudolf Bultmann (1884-1976). De fato, vários evangelhos seguem a estrutura de um gênero literário muito apreciado na Antigüidade: os relatos sobre a vida de homens ilustres. Seus autores não tinham a preocupação de documentar rigorosamente os acontecimentos narrados. E misturavam, com muita liberdade, ingredientes