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2104 palavras
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O LIVRO DE LEITURA DE PÉ NO CHÃO: 1963(UMA CARTILHA DEMOCRÁTICA)
Maria Elizete Guimarães Carvalho1
Introdução
A década de sessenta testemunhou um conjunto de experiências educacionais de caráter popular que se opunha ao sistema regular desenvolvido nas escolas públicas, buscando a erradicação do analfabetismo e o desenvolvimento da consciência social e política dos setores populares. Dentre os Movimentos de Educação Popular, abordaremos neste estudo, a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, implantada pela Prefeitura de Natal em 23 de fevereiro de 1961, focalizando os conteúdos pedagógicos trabalhados pelo Livro de Leitura “De Pé no Chão”, utilizado por essa Campanha, sendo objeto de discussão os temas que agrupam as lições. Esse Livro de leitura, também conhecido como Cartilha de Alfabetização de Adultos, foi lançado em abril de 1963, por ocasião do Congresso de cultura Popular de Natal.
1. A CAMPANHA DE PÉ NO CHÃO A Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, movimento de educação popular de Natal, teve sua origem na proposta popular de erradicação do analfabetismo em Natal, no início da administração do Prefeito Djalma Maranhão, que adotou como sua e defendeu ardorosamente essa reivindicação do povo. Liderando uma frente de sociais - democratas, socialistas, comunistas e cristãos, tendo feito uma aliança com liberais e conservadores modernos, o jornalista Djalma Maranhão, em 1960, ganha a eleição para a Prefeitura de Natal (GÓES, 1995), desenvolvendo uma prática política frente à Prefeitura, voltada para os interesses dos setores populares com os quais identificava-se sua administração. Com efeito, o atendimento às reivindicações populares, elegendo a “educação e cultura a meta número um de governo”(Cultura popular e Pé no Chão, 1963, apud GERMANO, 1989), demonstra o interesse do Prefeito Djalma Maranhão pelos problemas do povo, já que no início da década de sessenta o processo educativo em Natal apresentava resultados