Favelas do rio de janeiro
CIDADE MARAVILHOSA? FAVELAS CARIOCAS E O DISCURSO ASSISTENCIALISTA (1940-1950) NASCIMENTO, Flávia Brito do. Historiadora (UFF), Arquiteta (UFRJ) e mestranda em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo EESC-USP
As décadas de 1930 e 1940 no Brasil assistem a um acirrado debate sobre a morada popular, possibilitado em certa medida, pelo novo olhar que é lançado ao pobre urbano pelo Estado. Debater o local e a forma de habitação das camadas trabalhadoras foi viável porque ideologicamente o pobre era agora transformado no trabalhador da nação. Os ideais de moradia e capacidade produtiva foram amalgamados quando se deixou de entender os populares como párias da sociedade, mas como irrevogáveis protagonistas. Popular significava produtor das riquezas do país, precisando, entretanto, segundo a nova ótica, organizar-se, aprender as sociabilidades condizentes com seu papel na sociedade. A casa, o lar, assume central papel pedagógico, cujos espaços eram formativos deste homem. Partindo da idéia de que não havia um povo antes de sua ação, o Estado Novo forja o “verdadeiro” trabalhador, apagando vestígios das práticas culturais diferenciadas e reforçando os ideais de unidade, coesão e poder coletivo. O povo brasileiro era agora visto como portador de potencialidades e necessidades, as quais deveriam ser atendidas, para que suas reais virtudes pudessem vir à tona. Tais virtudes, bem guardadas durante anos, escondiam os valores da nossa nacionalidade. Fazia-se necessário “restaurar” a sociedade brasileira, retirando-a do seu estágio de natureza, isto sendo feito através da organização do poder político. O pobre urbano não era mais o alvo das ações policialescas e repressivas tão comuns ao cenário da República Velha. Se até 1920 a questão social foi vista como uma questão policial, a partir de 1935 ela definia-se como uma questão política (GOMES, 1988). O problema do crescimento das cidades e da falta de