falacias
(Notas de aula)
Cezar A. Mortari
UFSC
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Introdução
Falácias são erros de argumentação, ou, num sentido mais estrito, argumentos que dão, enganosamente, a impressão de serem válidos ou mesmo corretos, mas que não são. Aristóteles, além de ter criado a teoria do silogismo, também ocupou-se de vários tipos de falácias em seu livro “Das refutações sofísticas”.
Não há uma classificação aceita de falácias. (Já dizia o lógico Augustus De
Morgan, no século XIX, que é difícil classificar todas as formas que o ser humano encontra para chegar ao erro . . . ) Uma primeira divisão costuma ser feita entre falácias formais e falácias informais. Falácias formais são argumentos cuja forma lembra alguma forma tradicional de argumento válido. Não trataremos delas agora, mas talvez um pequeno exemplo possa ilustrar isso. Considere a seguinte forma de argumento, em que P e Q são proposições quaisquer:
Se P então Q.
P.
Portanto, Q.
Essa forma de argumento, que é válida, é chamada de Modus ponens, ou Afirmação do antecedente. Essa forma é válida porque, como você pode facilmente perceber, qualquer argumento que se enquadre nessa forma é válido (se você tentar encontrar um exemplo de argumento, dessa forma, em que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa, não vai ter sucesso).
Por outro lado, a forma a seguir, muito parecida com a anterior, não é válida:
Se P então Q.
Q.
Portanto, P.
Temos aqui a conhecida Falácia de afirmação do conseqüente. Ela é classificada como uma falácia formal pois tem uma forma que lembra muito o modus ponens. Mas é fácil de ver que não é uma forma válida: substitua P e Q por ‘Pelé é catarinense’ e ‘Pelé é brasileiro’, que você terá um argumento com premissas verdadeiras e conclusão falsa. Inválido, portanto.
Não trataremos aqui de falácias formais; nosso objetivo é discutir um pouco as falácias informais, e é disso que vamos nos ocupar a partir de agora.
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Não há uma classificação única de