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A forma mais conveniente e segura de administração de medicamentos é a via oral através do uso de formulações sólidas. No entanto, a eficácia terapêutica dos fármacos está diretamente relacionada às suas características estruturais cristalinas (polimorfismo), ao hábito cristalino (morfologia) e ao tamanho de partícula [1].
O polimorfismo foi descoberto, em 1821, pelo químico alemão Eilhard Mitscherlich e definido por McCrone [2] como a capacidade de uma molécula (fármaco) existir em mais de uma forma ou estrutura cristalina.
A identifica ção, caracterização e controle eficiente das formas sólidas de um fármaco é conhecimento estratégico para garantir a qualidade dos medicamentos e proteger a propriedade intelectual. Este tema vem ganhando espaço no Brasil e recentemente foi objeto de um simpósio latino americano realizado na Universidade Federal do Ceará.
A principal técnica para a caracterização de polimorfos é a cristalografia de raios-X. No entanto, devido a dificuldade de obtenção de monocristais de alta qualidade (Figura 1), outras técnicas podem ser utilizadas como espectroscopia de sólidos (RMN, IV e Raman) e difração de raios-X de sólidos amorfos [3].
O controle da forma ou da estrutura cristalina de sólidos é muito importante na indústria farmacêutica. Há bem pouco tempo o polimorfismo era um mistério para os farmacêuticos. Embora com composições químicas idênticas, os polimorfos apresentam propriedades físico-químicas distintas como solubilidade, taxas de dissolução, estabilidade química, cor e ponto de fusão [4].
Figura 1: Análise microscópica de diferentes monocristais de polimorfos.
A grande importância do controle do polimorfismo no desenvolvimento de compostos bioativos de utilidade terapêutica está principalmente relacionada às suas diferenças de solubilidade, as quais podem afetar diretamente a biodistribuição e, portanto, sua eficácia. Um dos exemplos mais conhecidos dos problemas causados pelo