faca

XIII Encontro da ABRALIC
Internacionalização do Regional

10 a 12 de outubro de 2012
UEPB/UFCG – Campina Grande, PB

Os desafios de traduzir Faca de Ronaldo Correia de Brito
Émilie Audigier i
PGET/UFSC

Resumo
Os contos do livro Faca se inscrevem numa tradição literária oral própria do Nordeste, inspirada na literatura de cordel, uma forma da literatura “de colportagem”, próxima à tragédia grega e ao movimento Armorial. O Nordeste, nos livros do escritor Ronaldo Correia de Brito, nascido no Ceará, não é apenas o teatro das narrativas como fonte de inspiração das histórias, cujos personagens estão ligados a uma sociedade patriarcal, profundamente religiosa e tradicionalista; seus elementos narrativos pertencem também ao fantasmático, ao onírico e à pulsão, formas modernas e subvertidas do sagrado e da magia. Com certo lirismo sóbrio, Faca descreve um mundo submetido até a tensão extrema à Lei, fazendo dialogar com o trágico duas vertentes: o feminino e o masculino. O escritor observa o cotidiano, os costumes e o ambiente, ocorrendo no sertão dos Inhamuns, vivendo dramas humanos, e atingindo, desta forma, o mito universal.
Este livro tão singular, traduzido por mim, será publicado na França pela Editora Chandeigne em 2013.
Nesta apresentação, tentarei mostrar como o universo regionalista, com extrema sofisticação formal, e tom bíblico de alto teor literário, foram transpostos para a língua e cultura francesas, dentro do cenário de recepção da literatura da América do Sul. Quais foram os principais desafios diante de uma prosa densa remetendo à região do Nordeste, que na França, também chama atenção por ser emblemática de um país e um continente ? Este livro inscreve-se, portanto, do ponto de vista francês, dentro um painel mais amplo e mal conhecido que é a literatura brasileira.

Palavras-chave: Tradução literária, literatura brasileira, regional, internacionalização.

1 Introdução
Ronaldo Correia de Brito nasceu na fazenda de