Eça de Queiróz
Em Singularidades de uma rapariga loira verifica-se uma grande analepse introduzida por um narrador confidente da desventura de Macário. Diz o narrador:
Portanto, o narrador conhece Macário quando este já tem uma certa idade. Numa estalagem no Minho, narrador e Macário partilham o mesmo quarto o que facilita a confidência e o relato da vida de Macário, suscitados por uma conversa ao jantar sobre a beleza feminina das terras do Norte. A reação a esta conversa faz perceber ao narrador que há alguma história por detrás do silêncio de Macário a estes comentários. Macário vem depois contar a sua história ao companheiro de hospedagem, já no quarto. Assim se inculca no leitor a ideia de que se trata de uma história verdadeira, desencadeando aquele tipo de imaginar prescrito na ficção realista. É suposto o leitor acreditar que o narrador ouviu as confidências de Macário e só desta forma consegue transmitir a história. A idéia de que é verdade tudo o que se conta não surge de chofre, com uma entrada direta na intriga ficcional, como acontece no conto No Moinho, mas sim através de um narrador que se declara "positivo e realista" e que mostra em que circunstância ouviu o relato do próprio protagonista. Mas logo o narrador se apodera desse relato e só muito esporadicamente reaparece o diálogo entre o narrador e o protagonista.
A história de