Evangelii Gaudium - Introdução
CAPÍTULO I – A TRANSFORMAÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA
Depois da introdução, a Evangelii Gaudium apresenta num certo sentido o horizonte do programa pastoral de papa Francisco para a Igreja nos próximos anos. Desta maneira, o documento aborda em cinco capítulos algumas das questões mais relevantes para a evangelização nos dias de hoje. E a ênfase do primeiro capítulo reside no fato de que a Igreja é uma Igreja “em saída”. “A Igreja ‘em saída’ é a comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam” (EG 24).
A primeira questão é a de uma transformação missionária que consiste numa verdadeira e real reforma da Igreja (EG 19-49). Com um estilo predominantemente pastoral, a missão é apresentada como o efeito da alegria do Evangelho que quer se comunicar. Não de modo proselitista, mas de maneira que difunde, fazendo-se próximo. “Jesus lavou os pés dos seus discípulos. O Senhor se envolve e envolve os seus, pondo-se de joelhos diante dos outros para lavá-los. Mas, logo, diz em seguida: ‘sereis felizes se o puserdes em prática!’ (Jo 13,17). Com obras e gestos, a comunidade evangelizadora entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se, se for necessário, até a humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Os evangelizadores têm assim o “cheiro de ovelha”, e estas escutam a sua voz. Portanto, a comunidade evangelizadora se dispõe a “acompanhar”. Acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a suportação apostólica. A evangelização usa de muita paciência, e evita deter-se a considerar as limitações” (EG 24). Não é uma posição ideológica ou adequação a uma lógica. É o estilo de Jesus no seu relacionar-se com as pessoas, acolhendo-as com as suas fadigas e os seus pecados, sem a pretensão alarmista ou lastimosa de separar imediatamente o joio