Eutanasia
Paciente Terminal, Morte e Morrer
Carlos Fernando Francisconi
José Roberto Goldim
O atendimento a pacientes terminais, ou melhor, em pessoas perto de final de suas vidas, pode representar um situação de extrema dificuldade para os médicos, apesar do fato da morte ser um evento inexorável para os seres vivos.
A par de problemas clínicos relacionados ao bom atendimento do paciente, no sentido de evitar ao máximo os desconfortos e sofrimentos que são próprios das doenças que provocam direta ou indiretamente a morte dos pacientes, uma série de questões morais significativas também surgem neste contexto de terminalidade de vida.
O que o paciente sabe de seus diagnóstico e prognóstico ? Esta primeira pergunta já nos encaminha para uma questão básica que é a do exercício da autonomia neste momento. Só pode se auto-determinar, de maneira adequada, aquela pessoa que tiver pleno conhecimento dos fatos médicos ligados à sua doença. Para tanto, o acesso à verdade é essencial. Mas, o direito à verdade cria uma obrigação para os médicos de sempre dizer a verdade para os pacientes ? O médico prudente avaliará cada caso tentando pesar os prós e contras das duas alternativas: dizer a verdade ou mentir para o paciente. Em seu julgamento, ele deverá levar em conta que somente um fato moral muito relevante, em termos de beneficência, poderá justificar uma ação paternalística de ignorar o direito do paciente a verdade e, conseqüentemente, de que o paciente defina os limites de seu tratamento.
Devemos utilizar medidas ordinárias ou extraordinárias para manter o paciente vivo ? O que são medidas fúteis nestas circunstâncias ? Medidas ordinárias são, geralmente, aquelas de baixo custo, pouco invasivas, convencionais e tecnologicamente simples. As extraordinárias costumam ser caras, invasivas, heróicas e de tecnologia complexa. Estas definições certamente simplificam uma questão muito complexa. Por exemplo: a alimentação enteral por sonda na maioria das